Uma a uma, ele foi retirando a munição de sua velha pistola 840.
Ainda não havia amanhecido e ele já estava fardado, olhando sério para o homem assustado no espelho.
Naquele dia, chegou cedo no batalhão, sentindo uma ansiedade que lhe faltava o ar. Em pouco tempo, já estava embarcado com sua equipe de Rotam na 13.860, patrulhando a cidade que simplesmente o sufocava.
Não demorou muito para o Copom acionar: lotérica tomada de assalto no São Francisco, com dois indivíduos armados empregando fuga numa CG vermelha.
Pelo rádio, o comando coordenava o cerco com três viaturas, de maneira a triangular a Trajano Reis. Em silêncio no banco de trás, nosso soldado fechou com força os olhos, tentando ignorar o grito ardido da sirene. A cada troca truculenta de marcha, seu coração disparava. Por sorte, ou mesmo azar, a 860 logo conseguiu contato visual, emparelhando com os suspeitos.
Num ameaço, o garupa puxou a arma em direção à guarnição, fazendo com que o condutor jogasse a viatura em cima da moto, derrubando os assaltantes.
Todo o resto aconteceria muito rápido, incluindo o fim da carreira do nosso colega policial. Enquanto seus colegas desciam para abordagem, trocando disparos e os ladrões, ele ficou sentado na viatura, imobilizado pelo medo. Em suas mãos trêmulas e molhadas, apenas a pistola descarregada.
O transtorno do pânico ainda é pouco conhecido, mas pode ser devastador. Muita gente está por aí, sem qualquer diagnóstico, vivendo em completo desespero.
Mas e você? Tem medo de quê? Não tenha medo, de pedir ajuda.
Até a próxima, se cuida!