Aquele jovem carteiro nem teve tempo de gritar.
Quando o cachorro abocanhou sua mão, uma dor lancinante fez com que ele caísse de joelhos na calçada. Em meio aos envelopes, seu sangue alertava que daquela vez a mordida tinha sido pra valer.
No desespero, pediu ajuda para o dono da casa, mas obteve como resposta apenas o fechar despreocupado das cortinas.
Agora, no pronto-socorro, realizávamos bloqueio anestésico com rigorosa lavagem do que havia sobrado de sua mão. O procedimento previsto seria o de tenorrafia, que é a sutura de tendões rompidos.
Se o paciente voltaria a ter sensibilidade ou mesmo mobilidade dos dedos, somente o tempo e muitas sessões de fisioterapia iriam dizer. Além disso, é provável que ele precise de várias cirurgias plásticas para o reparo do tecido retalhado.
Todos os dias, os hospitais do Paraná registram cerca de 100 atendimentos a feridos por cães. Estima-se, claro, que o número de casos não registrados seja bem maior. Parte dessas agressões acontece com trabalhadores que sempre visitam nossas casas e – de lambuja – nossos amigos fiéis.
Entregadores, carteiros, garis e leituristas de água e luz são vítimas em potencial dessas feras domésticas, que podem causar desde mutilações a traumas psicológicos difíceis de esquecer.
Isso revela uma violência comum a esses profissionais, não só observada nos cachorros, mas também em seus proprietários. Em parte, talvez, porque ambos se sintam ameaçados pela invasão de seu território.
Campanhas são realizadas para a conscientização das pessoas que dificultam o acesso às suas casas. Além disso, multas são aplicadas e o atendimento interrompido nos endereços mais hostis.
Mesmo assim, os ataques continuam, numa demonstração clara de que muitos seres humanos são menos racionais de que seus próprios animais.
Pense nisso, até a próxima, se cuida.
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