Você conhece alguém querido que tenha Alzheimer?
O disparo veio do alto, acompanhado de um estampido seco que assustou a todos que passavam pela rua. Foi um tiro certeiro, que atingiu sem piedade o traseiro de um entregador de água. Num grito ardido, ele perdeu o equilíbrio da bicicleta, caindo rolando pelo asfalto com seus galões de água.
Em seguida veio outro disparo, acertando o ombro de um senhor que tentava acudir o ciclista ferido. A partir daí foi uma debandada geral, com as pessoas correndo para se esconder dos tiros, que agora eram efetuados a esmo para tudo quanto era lado.
De cima de sua casa, empoleirado no telhado, seu Michelin recarregava afoito sua espingardinha de pressão. De pijama e enrolado numa surrada bandeira da Itália, o velhinho de 92 anos espalhava um terror nunca visto antes pela vizinhança.
Quando a polícia afinal chegou, encontrou seu Michelin no conforto de sua sala, tomando um cafezinho esperto enquanto assistia televisão.
Ele simplesmente não lembrava o que havia feito.
Entre feridos e feridos todos se salvaram, mas ficou aquela sensação de que tudo poderia ter acabado muito pior.
Todos conhecem a doença de Alzheimer, mas poucos sabem do seu lado violento. Há muitos casos de idosos que, num ataque incomum de hostilidade, ameaçam a vida das pessoas ao seu redor. Parentes, amigos, cuidadores, enfermeiras… É a triste evolução de uma doença sórdida, que costuma transformar entes queridos em completos estranhos.
Se você conhece alguém que passa por esse tipo situação, oriente ou procure orientação médica. Não permita que uma doença – já tão triste e devastadora – seja o gatilho para uma tragédia maior.
Pense nisso. Até a próxima!